22/06/2013

Does Truth Matter? (A verdade importa?) - Carl Sagan

"Não apenas em casas de camponeses, mas também em arranha-céus nas cidades, vivem lado a lado o século XX e o XIII. Cem milhões de pessoas usam eletricidade e continuam a acreditar nos poderes mágicos de sinais e exorcismos... Estrelas de cinema visitam médiuns. Aviadores que pilotam mecanismos miraculosos criados pelo gênio humano usam amuletos em seus casacos. Que inextinguível reserva eles possuem de escuridão, ignorância e selvageria!"  
Leon Trotsky


Embora Trotsky se refira neste trecho à Alemanha do início do governo nazista, podemos aplicar esta citação aos nossos dias sem muito esforço. Afinal, você já deve ter encontrado alguém que acredita em algo claramente contrário aos conceitos defendidos pela ciência, como poder das pirâmides, astrologia, ufologia e muitos outros. Não é difícil, mesmo no meio acadêmico e médico, encontrar pessoas que creem naquilo que pode ser considerado pseudociência, isto é, crenças que são apresentadas sob falso verniz científico, mas que, a rigor, não podem ser demonstradas pela experimentação.

Mas, você já pensou no que essas crenças significam para o conhecimento científico e a evolução da civilização? É precisamente este ponto que o astrônomo norte-americano Carl Sagan (1934-1996) aborda em seu artigo Does Truth Matter? Science, Pseudoscience, and Civilization (A verdade importa? Ciência, Pseudociência e Civilização), publicado na revista Skeptical Inquirer Volume 20.2, March / April 1996.


Em seu trabalho como divulgador da ciência, Sagan produziu mais de 600 artigos científicos e mais de 20 livros, boa parte deles destinados a promover o ceticismo na investigação científica e a adoção criteriosa do método científico. Does Truth Matter? é um exemplo magnífico deste trabalho. Opondo-se à superstição e falta de comprovação que caracterizam as mais diversas formas de pseudociência, o artigo busca construir uma defesa da verdadeira ciência, fundamentada no trabalho incansável e constante de inúmeros profissionais guiados pelo método científico.

Segundo Sagan, o apego de muitas pessoas à pseudociência pode ser explicado pelo fato dela responder a algumas necessidades emocionais geralmente não atendidas pela ciência. De forma geral, o contínuo progresso da ciência tem contribuído para a desconstrução do antropocentrismo, isto é, tem inviabilizado a manutenção da noção de que nossa espécie ocupa um lugar especial na natureza. Ao dar vazão  a nossas fantasias sobre poderes pessoais, sobre formas mágicas de cura ou sobre a vida após a morte, a pseudociência seria uma forma de reafirmar nossa importância cósmica, apregoando nossa íntima e especial ligação com o universo.

Entretanto, como o próprio título do artigo informa, seu objetivo não se limita a criticar a pseudociência, mas faz uso deste exemplo para demonstrar a importância da busca pela verdade como meio de crescimento para a humanidade, destacando o papel da ciência como guia neste processo. Como nos lembra Sagan,

"Claramente, não há como retornar. Goste ou não, nós estamos atrelados à ciência. Seria melhor que aproveitássemos o máximo dela. Quando nós finalmente a aceitarmos e reconhecermos integralmente sua beleza e seu poder, nós descobriremos finalmente, em um sentido tanto espiritual quanto prático, que nós fizemos uma enorme barganha a nosso favor."  

E para você, a verdade importa? Leia o artigo na íntegra em:


Sobre a importância da ciência, veja ainda este discurso do também astrônomo norte-americano Phil Plait ilustrado com a brilhante arte do cartunista Gavin Aung Than do ZenPencils  (altamente recomendável!):


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