Devido a sua diversidade virológica, seu padrão de transmissão e sua evolução clínica, a infecção pelo vírus da hepatite C (HCV) representa um desafio diagnóstico e terapêutico. Por sua evolução comumente silenciosa e sua prevalência na população, a infecção pelo HCV constitui uma preocupação para a saúde pública, sendo uma importante causa de cirrose hepática e hepatocarcinoma. Uma vez que hepatite C não é comumente diagnosticada antes da ocorrência de complicações, o Center for Diseases Control e Prevention (CDC) recomendou recentemente a triagem para HCV em todas as pessoas nascidas entre 1945 e 1965, devido à importância deste vírus como causa de hepatocarcinoma nesta população. Apesar do Ministério da Saúde não ter feito a mesma recomendação no território brasileiro, não podemos deixar de nos atentar para a magnitude da infecção.
Embora a infecção já seja conhecida há mais de 20 anos, a hepatite C ainda é uma doença de difícil manejo, com taxas de cura relativamente baixas. Uma vez que o tratamento, quando indicado, é fundamental para evitar a progressão da doença e suas complicações, diversos estudos tem sido realizados com o objetivo de produzir drogas cada vez mais eficazes contra o vírus. Dessa forma, as taxas de clearance viral, usadas como indicador de eficácia do tratamento, tem aumentado consideravelmente com o advento de novas opções terapêuticas, de menos de 10% com o regime inicial de monoterapia com interferon até mais de 70% com a terapia atual, que inclui interferon peguilado associado à ribavirina.
A pesquisa de novos tratamentos para a hepatite C tem se direcionado tanto para o desenvolvimento de drogas dirigidas ao próprio HCV, como os já aprovados boceprevir e telaprevir, que são inibidores da protease viral, e inibidores da polimerase e de outras proteínas virais ainda em estudo, quanto para a modulação do sistema imune do hospedeiro, como inibidores da ciclofilina A e do miR122. Com estas futuras possibilidades terapêuticas, a indicação e a escolha do tratamento adequado provavelmente assumirão complexidade maior e exigirão melhor capacitação do médico na abordagem da doença.
Tendo em vista o desafiador e ao mesmo tempo animador futuro da terapêutica contra o HCV, recomendamos a leitura de:
http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/pcdt_hepatite_c_2011_retificado.pdf (Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Hepatite Viral C e Coinfecções do Ministério da Saúde, atualizado em 2011)
http://www.nejm.org/doi/pdf/10.1056/NEJMra1213651 (Revisão recente do New England Journal of Medicine sobre o presente e o futuro da terapia anti-HCV)
http://www.nejm.org/doi/pdf/10.1056/NEJMra1213651 (Revisão recente do New England Journal of Medicine sobre o presente e o futuro da terapia anti-HCV)
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