Uma das mais antigas doenças infecciosas documentadas, a tuberculose permanece como importante agravo de saúde pública por sua magnitude, transcendência e vulnerabilidade. A infecção pelo Mycobacterium tuberculosis, cujas evidências já foram identificadas em ossos humanos do Neolítico, acompanha o homem ao longo de sua história. Com muitos nomes e diferentes interpretações, os sintomas da doença já foram descritos por culturas diversas ao redor do mundo, recebendo denominações geralmente associadas ao seu aspecto consumptivo, como phthisis entre os gregos e consumptione entre os romanos.
Devido ao polimorfismo de suas manifestações clínicas, a tuberculose só foi caracterizada como doença única a partir da segunda metade do século XIX e, apenas no final deste mesmo século, seu agente causador foi identificado por Robert Koch, que recebeu o Prêmio Nobel de Medicina em 1905 por sua descoberta. Embora a tísica tenha entrado para o mundo das artes em vários momentos, especialmente durante o Romantismo, e a ela tenham sido atribuídas muitas vítimas famosas, como o imperador D. Pedro I, o compositor Frederic Chopin e diversos escritores, como Álvares de Azevedo, Castro Alves, Emile Brontë e Anton Tchecov, ela sempre constituiu uma doença associada à pobreza e à falta de condições mínimas de higiene e qualidade de vida.
Ainda hoje, a doença possui uma incidência consideravelmente maior entre as populações pobres tanto nos países desenvolvidos quanto em desenvolvimento. E, apesar de comumente associada com a infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV), a tuberculose no Brasil também é um agravo importante entre imunocompetentes, sendo que nosso país ocupa a 17º posição entre os 22 países responsáveis por 80% dos casos de tuberculose no mundo. Vale lembrar que devido ao caráter endêmico da infecção no Brasil, o Ministério da Saúde não considera a tuberculose como doença definidora de Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS), ao contrário dos países desenvolvidos.
Embora já existam recursos suficientes para seu controle, principalmente a disponibilidade de um tratamento eficaz e barato, a eliminação da doença como problema de saúde pública não é uma perspectiva em um futuro próprio. Isto faz com que seu diagnóstico e manejo sejam importantes conhecimentos a serem adquiridos pelos profissionais de saúde. Neste sentido, recomendamos a leitura dos textos:
http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/manual_de_recomendacoes_tb.pdf (Manual do Ministério da Saúde para controle da tuberculose, que contém as diretrizes nacionais para seu diagnóstico e tratamento)
http://www.nejm.org/doi/pdf/10.1056/NEJMra1200894 (Revisão recente do New England Journal of Medicine com dados epidemiológicos atualizados e novas perspectivas)
Ciência e Caridade (1897). Pablo Picasso (1881-1973). Óleo sobre tela, 197 x 249 cm. Museu Picasso (Barcelona).
Veja ainda alguns exemplos da relação entre tuberculose e arte em:
Nenhum comentário:
Postar um comentário